sábado, 23 de outubro de 2010

Brasil, Pré Sal é nosso

Pré-sal: um tesouro no fundo do mar do Brasil

23 de Outubro de 2010, por nanda barreto - Sem comentários ainda


Patrimônio de todos os brasileiros, a Petrobras quase entrou para o balaio de privatizações do governo FHC/Serra. Mas hoje ela é mais nossa do que nunca: em setembro deste ano, o Governo Lula aumentou de 40% para 48% a sua participação no capital da empresa. 

A iniciativa marcou o maior processo de capitalização já realizado no Brasil e um dos maiores do mundo, assegurando um montante de cerca de R$ 120,4 bilhões à companhia e colocou a Petrobras no 2º lugar entre as maiores petroleiras do mundo, atrás apenas da americana Exxon Mobil. 

Diferentemente de FHC e Serra, Lula e Dilma jamais cogitaram vender a Petrobras para grupos estrangeiros. Ao contrário, investiram na valorização dos trabalhadores e em novas tecnologias. Um dos principais resultados dessa atuação foi a descoberta, em 2007, do pré-sal.

A camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina. O petróleo encontrado está abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo.

Mais petróleo, menos pobreza
Com a descoberta do pré-sal, o Governo Lula tratou de propor regras claras para a aplicação dos recursos que virão deste novo patrimônio dos brasileiros. Quando ainda era ministra-chefe da Casa Civil, Dilma desempenhou um papel fundamental na criação de um marco regulatório para o pré-sal.

Foi a partir de uma decisão comandada pela nossa candidata que foi proposta a criação de um Fundo Social do pré-sal. Os recursos desse Fundo serão aplicados em seis áreas prioritárias: combate à pobreza; ciência e tecnologia; cultura; educação; meio ambiente e saúde. 

A deliberação foi de Lula e Dilma, mas a vitória foi de todo o povo brasileiro: estima-se que somente os campos de Tupi, Iara e Parque das Baleias podem abrigar o equivalente a 14 bilhões de barris - mais da metade de todo o petróleo descoberto pelo país nos últimos 50 anos.
Acompanhe os próximos posts sobre o assunto em Dilma na Rede

Moniz Bandeira: Serra representa o Brasil submisso aos interesses dos EUA



Em entrevista à Carta Maior, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira afirma que o processo eleitoral brasileiro está infectado por uma intensa campanha terrorista e uma guerra psicológica promovido pela direita e por grupos de extrema-direita, como TFP, Opus Dei e núcleos nazistas do Sul do país. Para Moniz Bandeira, projeto representado por José Serra é o "do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses aos estrangeiros".
Carta Maior: Qual a sua avaliação sobre o processo eleitoral brasileiro e sobre a disputa que ocorre agora no segundo turno? Como o sr. caracterizaria os dois projetos em disputa?
Moniz Bandeira: O atual processo eleitoral está infectado por uma intensa campanha terrorista, uma guerra psicológica, promovida não apenas direita, mas pela extrema-direita, como a TFP, OPUS DEI e núcleos nazistas do Sul, e sustentada por interesses estrangeiros, que financiam a campanha contra a política exterior do presidente Lula , pois não querem que o Brasil se projete mais e mais como potência política global. Os dois projetos em disputam são definidos: o Brasil como potência econômica e política global, socialmente justo, militarmente forte, defendido pela candidata do PT, Dilma Roussef; o outro, representado por José Serra candidato do PSDB-DEM, é o do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses aos estrangeiros.
Evidentemente, os Estados Unidos, quaisquer que seja seu governo, não querem que o Brasil se consolide como potência econômica e política global, integrando toda a América do Sul como um espaço geopolítico com maior autonomia internacional.

CM: Falando sobre política externa, o sr. poderia detalhar um pouco mais o que, na sua visão, as duas candidaturas representam?
MB: A mudança dos rumos da política externa, como José Serra e seus mentores diplomáticos pretendem, teria profundas implicações para a estratégia de defesa e segurança nacional. Ela significaria o fim do programa de reaparelhamento e modernização das Forças Armadas, a suspensão definitiva da construção do submarino nuclear e a paralisação do desenvolvimento de tecnologias sensíveis, ora em curso mediante cooperação com a França e a Alemanha, países que se dispuseram a transferir know-how para o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos. Essa mudança de rumos, defendida pelos mentores de José Serra em política externa, levaria o Brasil a aceitar a tese de que o conceito de soberania nacional desaparece num mundo globalizado e, com isto, permitir a formação de Estados supostamente indígenas, em regiões da Amazônia, como querem muitas 100 ONGs que lá atuam.

CM: E na América Latina? O Brasil aparece hoje como um fator estimulador e fortalecedor de um processo de integração ainda em curso. Que tipo de ameaça, uma eventual vitória de José Serra representaria para esse processo?
MB: José Serra já se declarou, desde a campanha de 2002, contra o Mercosul, como união aduaneira, e queria sua transformação em uma área de livre comércio, compatível com o projeto da ALCA, que os Estados Unidos tratavam de impor aos países da América do Sul e que o Brasil, apoiado pela Argentina, obstaculizou. Se a ALCA houvesse sido implantada, a situação do Brasil seria desastrosa, como conseqüência da profunda crise econômica e financeira dos Estados Unidos, como aconteceu com o México.
José Serra também criou recentemente problemas, fazendo declarações ofensivas à Argentina, Bolívia e Venezuela, países com os quais o Brasil tem necessariamente de manter muitos boas relações, goste ou não goste de seus governantes. Trata-se do interesse nacional e não de idiossincrasia política.

CM: Na sua avaliação, quais foram as mudanças mais significativas da política externa brasileira, que devem ser preservadas?
MB: O governo do presidente Lula, tendo o embaixador Celso Amorim como chanceler, considerado pela revista Foreign Policy, dos Estados Unidos, como o melhor do mundo, na atualidade, alargou as fronteiras diplomáticas do Brasil. Seus resultados são visíveis em números: sob o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, as exportações do Brasil cresceram apenas 14 bilhões, subindo de 47 bilhões de dólares em 1995 para 61 bilhões em 2002. No governo do presidente Lula, as exportações brasileiras saltaram de 73 bilhões de dólares, em 2003, para 145 bilhões em 2010: dobraram. Aumentaram 72 bilhões , cinco vezes mais, do que no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Essas cifras evidenciam o êxito da política externa brasileira, abrindo e diversificando os mercados no exterior. Mas há outro fato que vale ressaltar, para mostrar a projeção internacional que o Brasil. Em dezembro de 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, as reservas brasileiras eram de apenas 38 bilhões de dólares... Sob o governo Lula, as reservas brasileiras saltaram de 49 bilhões de dólares, em 2003, para 280 bilhões de dólares em outubro de 2010. Aumentaram sete vezes mais do que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Tais números representam uma enorme redução da vulnerabilidade do Brasil.
É bom recordar que, logo após o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurar seu segundo mandato, em apenas seis dias, entre 6 e 12 de janeiro de 1999, o Brasil perdeu mais de 2 bilhões de dólares para os especuladores e investidores, que intensificaram o câmbio de reais por dólares, aproveitando ainda a taxa elevada, e suas reservas caíram mais de 4,8 bilhões s, em apenas dois dias, ou seja, de 13 para 14 de janeiro.
Os capitais, em torno de 500 milhões de dólares por dia, continuaram a fugir ante o medo de que o governo congelasse as contas bancárias e decretasse a moratória. E os bancos estrangeiros cortaram 1/3 dos US$ 60 bilhões em linhas de crédito interbancário a curto prazo, que haviam fornecido ao Brasil desde agosto de 1998. A fim de não mais perder reservas, com a intensa fuga de capitais, não restou ao governo de Fernando Henrique Cardoso alternativa senão abandonar as desvalorizações controladas do real e deixá-lo flutuar, com a implantação do câmbio livre.

CM: O sr. poderia apontar uma diferença que considera fundamental entre os governos Lula e FHC?
MB: Comparar os dois governo ocuparia muito espaço na entrevista. Porém apenas um fato mostra a diferença: o chanceler Celso Amorim esteve nos Estados Unidos inúmeras vezes e nunca tirou os sapatos, ao chegar no aeroporto, para ser vistoriado pelos policiais do serviço de controle. O professor Celso Lafer, chanceler no governo de Fernando Henrique Cardoso, submeteu-se a esse vexame, humilhando-se, degradando sua função de ministro de Estados e o próprio país, o Brasil, que representava. E é este homem que ataca a política exterior do presidente Lula e é um dos mentores de José Serra, cujo governo, aliás, seria muito pior do que o de Fernando Henrique Cardoso.




terça-feira, 5 de outubro de 2010

13 razões para votar em Dilma Rousseff


13  razões  para  votar em  Dilma  Rousseff

4 OUTUBRO 2010 
1. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a mãe de todas as razões. O governo Lula é aprovado por mais de 80% dos brasileiros e acumula, em todas áreas, uma coleção de números de fazer inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana. A pobreza caiu pela metade. Mais de 30 milhões de brasileiros se juntaram à classe média. O salário mínimo subiu 74% sobre a inflação. Mais de 14 milhões de empregos foram criados. Dilma Rousseff foi parte deste governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.
2. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Uma das razões pelas quais o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz é a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público na bacia das almas. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. Nada foi privatizado no governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento.
3. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família. Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução da desigualdade. O principal candidato da oposição, José Serra, não conseguiu unificar sequer sua campanha ao redor de uma posição sobre esse tema. Chegou-se, inclusive, à bizarra situação de que enquanto o candidato prometia dobrar o BF, seus correligionários e sua própria esposa davam declarações que associavam o programa à “vagabundagem”. Com Dilma não tem erro: continuaremos a reduzir a desigualdade no Brasil.
4. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo. A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita estritamente controlada pelos EUA, que trouxe consequências tão desastrosas para os nossos irmãos do México, à condição de país internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder incontestável da América Latina. A campanha do principal candidato da oposição foi marcada por desastrosas declarações, cheias de insultos aos nossos vizinhos. Traduzidas em política externa, seria uma fórmula certa para que o Brasil perdesse o lugar que conquistou no mundo. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias multilaterais e pela autodeterminação dos povos foi um sucesso no governo Lula e está em sintonia com as melhores tradições do Itamaraty. É Dilma quem representa essa opção.
5. Dilma provou ser uma verdadeira democrata. Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado; grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Por outro lado, José Serra, tratado de forma infinitamente mais dócil pela imprensa brasileira, demonstrou amplamente que não é confiável no quesito democracia. Exigiu cabeças de jornalistas nas redações; confiscou fitas de vídeo; deu-nos uma patética coleção de pitis. Mostrou que não convive bem com a crítica. É com Dilma, não com Serra, que garantiremos a continuação da nossa condição de um dos países com mais ampla liberdade de expressão do mundo.
6. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia. Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda das fontes limpas e renováveis de energia. Faça uma enquete entre os engenheiros da Petrobras. As intenções de voto em Dilma, entre eles, deve andar em torno dos 90%. Eles sabem o que fazem.
7. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil. Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo, alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula, 16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora têm um plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola, basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não terá dúvidas sobre em quem votar.
8. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; os ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; o funcionalismo público submetido a arrocho salarial e a uma total recusa ao diálogo em Minas Gerais. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser. As declarações de José Serra sobre, por exemplo, o MST, são profundamente preocupantes. É com paz e negociação que se resolvem os embates entre movimentos sociais e governo, não com porrada. Dilma é a garantia de que essa política continuará sendo seguida.
9. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado. Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático, admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus vizinhos do Cone Sul naquele processo para o qual os alemães cunharam essa belíssima palavra, Vergangenheitsbewältigung, que poderíamos traduzir como o dom de acertar as contas com o passado. É Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem transigir na aplicação da lei.
10. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Mas a afirmativa, tantas vezes feita por Marina nesta campanha, de que governaria com “os melhores do PT e do PSDB”, como se não existisse um pequeno detalhe chamado política, só se explica pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade. Um político governa com a equipe política que conseguiu montar, e é a equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os seus problemas, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil. Isso não é por acaso. Mais de 50% dos brasileiros que têm alguma opção partidária preferem o PT. Por volta de 30% da população escolhe o PT como o partido de sua preferência. PMDB e PSDB seguem de longe, muito longe, com 6%.
11. Dilma é mais internet para todo mundo. O principal candidato da oposição, José Serra, pertence a uma força política que já demonstrou não ter compromissos com a expansão da internet para as camadas mais pobres da população. Expressão privilegiada dos grandes conglomerados midiáticos do país, o tucanato é responsável por desastres como o AI-5 Digital, uma coleção de inomináveis asneiras destinadas a cercear, censurar e controlar a liberdade da internet. Sob o governo Lula, o acesso à rede mundial de computadores aumentou muito e é Dilma, não qualquer outro candidato, quem tem histórico e compromisso com a implementação do Plano Nacional de Banda Larga, uma verdadeira de carta de alforria informativa no país. Quanto mais gente tiver acesso à internet, mais democrática e bem informada será a nossa sociedade. Os pobres sabem disso e estão com ela, em sua esmagadora maioria.
12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida. Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado. Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir, por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era possível. Muitos petistas—este atleticano blogueiro incluído—adotaram, especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o trabalhismo, incapazes que fomos de ver qualquer característica positiva no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o lulismo e tradição trabalhista que ele transforma. Essa bela história de vida está bem narrada em seu primeiro programa de TV:
13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista. A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, talvez milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente, de crianças e adolescentes do sexo feminino.
É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.

Crédito: http://gerdklotz.wordpress.com/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu voto em Dilma

Sempre busquei votar com a minha consciência. Felizmente o meio em que conviví e convivo é o da eterna resistência democrática, dos que pautaram a sua conduta por um Brasil Livre de uma ditadura que nos foi imposta através de um golpe.

Foram anos e anos de muita dor, de muito sofrimento e sufoco. O nosso direito deveria ter sido, caso fossemos conformados, o da obediência, mas percorremos as trilhas da insubmissão, da insurgência necessária aos que apreciam a liberdade.

Voto em Dilma porque ela segue a mesma trilha dos que deram suas vidas para que hoje pudessemos respirar a liberdade. Não votarei nela apenas porque ela foi eleita por Lula para sucede-lo. Voto nela porque assim me exige a consciência e o dever cívico.

Meu voto será firmemente responsável, afinal temos que ratificar o nosso grau de repúdio à intolerância, a opressão e a repressão que se abateu sobre o Brasil no pós 64.

Digam o que quiserem dizer a respeito de Dilma, pois não fará mudar meu voto que, repito, será responsável. Meus ouvidos estarão surdos para as campanhas difamatórias e tudo mais que vier dos seus adversários políticos. Seguirei o caminho da retidão, do apreço às liberdades democráticas, do crescimento e da credibilidade adquirida internacionalmente. Não estou olhando para trás, apenas não desejo um regresso ao que vivemos nos tempos em que as botas governavam.

Pela Bahia e pelo Brasil, meu voto será responsável e consciente, voto em Dilma !

Por que apoiamos Dilma?

Carta Capital,
Mino Carta

Por que apoiamos Dilma?

02/07/2010 09:58:00

Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff. Negativamente, está claro. A verdade factual é outra, talvez a jovem Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A questão também é outra: Carta Capital respeita, louva e admira quem se opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à paisana, até a tortura e a morte.

O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.

De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de Dilma Rousseff que CartaCapital declara aqui e agora apoio à sua candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e Energia o substituiu.

E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se expandem.

E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube valerse das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor sempre que as circunstâncias o permitissem.

Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso, quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista, Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria. Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.

Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como insiste em afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com Aécio...

Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada.

E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.

Os três montes

Foi um sonho bonito, cuja significação transcende  minha capacidade de interpretação. Estávamos todos em um ambiente claro e iluminado. Um templo religioso a princípio.
Não recordo, contudo, de ter visto - no sonho - a presença de um altar-mor, ou de santos.Em um dado instante, eu, meu pai, minha mãe, irmãos e demais familiares, apreciávamos a beleza das sepulturas em um dado local, tão radiante quanto o tempo.


Repentinamente meu pai visualizou o nome de alguém que havia conhecido e a quem me pareceu ter grande grau de admiração e respeito.


Chegou a pronunciar o nome de alguém. Reparei o nome pronunciado em ma inscrição lapidar, Era um nome estranho!


Em gesto de veneração meu pai pôs-se a rezar. Fez uma breve oração que, finalizada, aguçou minha curiosidade.


Vi algo que peguei e examinei. Surpreso verifiquei símbolos pertencentes à maçonaria, o que me levou a iniciar conversação com alguém.


Estava a fazer revelação que não deveria e, por isso mesmo, meu pai repreendeu minha indiscrição com suavidade. Pediu-me para guardar segredo sobre o que havia notado e, pegando-me pelo braço disse-me:
 - Venha! Vou lhe mostrar algo que basta ter olho pra ver, mas passa despercebido pela maioria dos mortais.


Fomos para um descampado, de onde descortinávamos a linha do horizonte. Ele me perguntou, diante daquele cenário, o que eu via. Disse-lhe que via uma espécie de caatinga em hora do sol se por. Ele, então, pediu-me para que ficassemos de bruços e, aos poucos, foi-me surgindo a imagem de três montes...
 
Pôr do Sol, Campo Formoso, zona rural



quarta-feira, 30 de junho de 2010

Péssima notícia para Serra

Texto do:Blog do Zé
Mais uma péssima notícia para Serra
Publicado em 30-Jun-2010 Álvaro Dias
Image
Na esteira da crise DEM-vice Álvaro Dias, o presidenciável da oposição, José Serra é obrigado desde ontem a administrar mais uma péssima notícia, a pesquisa Vox Populi (confirmando a mais recente do IBOPE). Essa é a segunda sondagem eleitoral a confirmar que Serra está com 35% das intenções de voto no 1º turno e foi ultrapassado por nossa candidata Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados) com 40%.

Fora isso, Serra enfrenta a defecção do PSC de sua coligação. O partido justifica que saiu porque não foi ouvido e que os tucanos desprezaram a indicação do nome do senador Mão Santa (PSC-PI) para candidato a vice-presidente. O PSC queixa-se que nem sequer foi chamado para ouvir um NÃO. Fizeram a sugestão e simplesmente foram desconsiderados, tratados como se não existissem. Está aí mais uma prova para todo o Brasil de que não passa de retórica eleitoral e pura demagogia toda a discurseira de Serra com relação a fazer um governo com partidos, respeito a programas...

Num impasse que parece não ter fim, a convenção nacional do DEM foi aberta e suspensa em Brasília para novas rodadas de reuniões dos tucanos, dos demos e entre as cúpulas e lideranças dos dois partidos. Ainda não há sinal de fumaça branca, de paz e acordo entre as duas legendas, se bem que desenha-se no horizonte uma tendência que já vai permear essas reuniões: as coisas se encaminham para a retirada da candidatura a vice de Álvaro Dias, estopim dessa última grande crise. 

Quem quer ser vice de Serra? O DEM deve ter alguém que queira. Ou, então, aceita outro nome tucano numa chapa puro-sangue. Quem será? Até a meia noite, com a reabertura da convenção, esse nome deve sair porque hoje é o último dia permitido pela lei para a homologação de candidaturas.

Foto: Antonio Cruz/ABr

Somos nós, Brasil !

Dilma Rousseff é a cara do Brasil. Ela é Lula e Lula é ela. O Brasil está dando certo e nós apoiamos Dilma, por entendermos que ela dará continuidade ao trabalho de Lula. O Brasil nunca foi tão respeitado internacionalmente quanto agora. Não temos mais aquele complexo de país subdesenvolvido. Dilma é o caminho certo que Lula apontou e escolheu pra todos nós, brasileiros. Vamos fazer uma grande corrente para que ela vença logo no primeiro turno.

Pensamento de Romain Rolland


"Viver não é respirar é agir... é fazer uso dos nossos órgãos, dos nossos sentidos de nossas faculdades, de todas as partes de nós mesmos, que nos dá o sentimento de existência. O homem que mais viveu não é o que conta mais anos, mais aquele que mais sentiu a vida"
Romain Rolland

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ruy Barbosa e a imprensa


"A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa perto ou longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que sonegam ou roubam, percebe onde lhe alveja ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça"

Ilha do Urubu, Paulo Souto e Serra

NOTÍCIAS

Ligações perigosas entre Paulo Souto (DEM) e Serra (PSDB) passam pela Ilha do Urubu, Daniel Dantas e privatização da Coelba... 

As ligações perigosas de Paulo Souto, candidato do DEM ao governo da Bahia, com José Serra, candidato do PSDB à presidência, vêm de longe. O elo de ligação é o espanhol Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra, suspeito de representar os interesses de Daniel Dantas em negociatas e ser o caixa 2 das privatizações da era FHC. O livro “Os porões da privataria”, de Amaury Ribeiro Jr, revela tudo. Paulo Souto (DEM) vai ter muito o que explicar nestas eleições... 

Segue abaixo conteúdo completo produzido por Emiliano José sobre as ligações perigosas de Paulo Souto: GAÇÕES PERIGOSAS ENTRE PAULO SOUTO E JOSÉ SERRA 
(Para compreender a Ilha do Urubu e todo o seu entorno) 

Há algum tempo atrás denunciei na Câmara Federal o nebuloso e escandaloso caso da Ilha do Urubu, ocorrido na Bahia, em novembro de 2006, quando estava em fim de governo o Sr. Paulo Souto, do DEM. O ex-governador da Bahia e provável candidato ao governo do Estado, Paulo Souto, era acusado de ilegalidade, por Rubens Luis Freiberger e seu advogado José César Oliveira, através de uma ação popular que tramita no Tribunal de Justiça da Bahia, acerca do processo que envolveu a doação de terras da “Ilha do Urubu”, localizada no município de Porto Seguro, área da Costa do Descobrimento, no Extremo Sul da Bahia. 

De acordo com as informações fornecidas à imprensa pelo advogado César Oliveira, no Processo nº. 359.983-3, ao final do seu governo, Paulo Souto doou a Ilha do Urubu aos herdeiros da família Martins, posseiros da área em questão. Quatro meses depois, os herdeiros venderam essas terras ilegalmente (pois teriam que preservá-las por cinco anos) por R$ 1 milhão ao empresário Gregório Marin Preciado. Ainda segundo Oliveira, “mais ou menos um ano depois, Gregório Preciado revendeu o terreno a um mega-especulador belga, Philippe Meeus, por R$ 12 milhões”. Uma negociata como essa, com um lucro desse tamanho, não se encontra a qualquer hora, e menos ainda um governador que a propicie, como o ex-governador Paulo Souto o fez. 

Gregório Marin Preciado, espanhol, naturalizado brasileiro, é casado com a prima de José Serra, governador de São Paulo e pré-candidato à presidência da República. Para o advogado César Oliveira: “No mínimo, houve leniência por parte do Estado. O terreno vale, hoje, R$ 50 milhões, pois se trata de uma das áreas mais valorizadas da América Latina”. 

A mídia hegemônica, concentrada no Centro-Sul do País, repercute intensamente manobra da campanha do Sr. José Serra acusando o PT de preparar dossiê para atingi-lo. Conta com pistoleiros de aluguel distribuídos por vários órgãos. Conta especialmente com uma excrescência chamada Veja, acostumada a mentir, a caluniar, um veículo que de há muito se distanciou daquilo que se conhece como jornalismo, e que está de um lado só, o do candidato Serra. Ou de quaisquer outros que se coloquem a favor de projetos reformistas para o País. Para isso, para se opor a quaisquer transformações progressistas, Veja está disposta a fazer qualquer coisa. 

Veja é o extremo, a direita mais raivosa, a mais escancarada, sempre pronta ao jogo sujo. Ela é o lado mais torpe do Instituto Millenium, organização que reuniu em São Paulo, em março deste ano, os dirigentes dos principais órgãos de comunicação da mídia hegemônica para traçar a estratégia de combate ao PT e à nossa candidata, Dilma Rousseff. Envergonha o jornalismo brasileiro, embora, como se sabe, não esteja sozinha nisso. Funciona como pauteira do resto da imprensa, que repercute com todo estardalhaço as matérias que ela constrói, não importando qual o grau de apuração de tais matérias, se estão fundadas em fatos ou não, se ouviu todos os lados, essas lições triviais do jornalismo, de há muito flagrantemente desrespeitada por ela e seus parceiros. 

Em sua coluna “Tempo Presente” de 06/06/2010, no jornal A Tarde, o jornalista Levi Vasconcelos afirma no artigo “Os ensaios do jogo sujo”, entre outras coisas, que “ainda sem saber que estratégia usar contra um governo de alta popularidade...” o marketing do PSDB finalmente parece ter encontrado a luz do caminho. De uma tacada só jogou na mídia uma vacina e um ataque contra o PT ao levantar suspeitas de um dossiê fabricado (ou em fabricação) para atingir José Serra. A vacina é para desacreditar uma possível denúncia contra seu candidato. E o ataque é para tentar atribuir ao PT o “jogo sujo”. 

Desmontando arapucas 

Os jornalistas Luiz Carlos Azedo, titular da coluna Brasília-DF do Correio Braziliense, e Luís Nassif, editor de blog, revelaram que ao invés de um dossiê, o que existe é um livro “sobre os bastidores das privatizações”, originário da guerra travada entre José Serra e Aécio Neves, de acordo com Nassif, quando os então governadores tucanos de São Paulo e Minas Gerais disputavam a pré-candidatura do PSDB à Presidência. 

Com o título “O caso do dossiê”, o texto publicado por Nassif em seu blog, em 04/06, desacredita a produção ou existência de novo dossiê contra Serra e afirma que “a história é outra”: “Quando começou a disputa dentro do PSDB, pela indicação do candidato às eleições presidenciais, correram rumores de que Serra havia preparado um dossiê sobre a vida pessoal de seu adversário (no partido) Aécio Neves”. 

A banda mineira do PSDB resolveu se precaver. E recorreu ao (jornal) Estado de Minas para que juntasse munição dissuasória contra Serra. O jornal incumbiu, então, seu jornalista Amaury Ribeiro Jr. de levantar dados sobre Serra. Durante quase um ano Amaury se dedicou ao trabalho, inclusive com viagens à Europa, atrás de pistas. Amaury é repórter experiente, farejador, que já passou pelos principais órgãos de imprensa do País. Passou pelo O Globo, pela Isto É, tem acesso ao mundo da polícia e é bem visto pelos colegas em Brasília. 

Nesse ínterim, cessou a guerra interna no PSDB e Amaury saiu do Estado de Minas e ficou com um vasto material na mão. Passou a trabalhar, então, em um livro, que já tem 14 capítulos. Quando a notícia começou a correr em Brasília, acendeu a luz amarela na campanha de Serra. O Conversa Afiada, blog do jornalista Paulo Henrique Amorim, divulgou que: “recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet. Vai desembarcar bem na época da eleição. 

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na Isto É sobre a CPI do Banestado. Não são documentos obtidos com espionagem - como quer fazer crer a feroz defesa de Serra. É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública. Um dos documentos, Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sérgio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e aonde Ricardo Sérgio recebeu pela privatização. Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado, no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sérgio. As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Cito a seguir alguns trechos da matéria de Paulo Henrique Amorim: 


“Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. 





Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil. 

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marin Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marin. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra, e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil… 

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC. Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico. 

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC. 

Os urubus e os benefícios 

Nas denúncias aqui na Bahia, apresentadas pelo advogado César Oliveira, informa-se que: “O senhor Gregório Marin Preciado responde a uma ação penal do Ministério Público Federal por uma dívida de R$ 55 milhões, que foi perdoada irregularmente pelo Banco do Brasil. Ele tomou também um empréstimo de R$ 5 milhões no Banco do Brasil e deu a Ilha do Urubu como garantia, enquanto litigava com a família Martins, disputando a posse da Ilha”. 

Ainda segundo o advogado, no ano de 1993, Gregório Marin Preciado havia contraído empréstimos no Banco do Brasil para duas empresas de sua propriedade – a Gremafer e a Acetato. Como Preciado não conseguiu pagar o débito, no ano de 1995, entrou em cena o Sr. Ricardo Sérgio, que, na época, era diretor do Banco do Brasil e ficou conhecido por ser caixa das campanhas de José Serra e FHC. Ele conseguiu para Gregório Preciado um gracioso desconto de 16 milhões de reais na tal divida. 

Mas a coisa não parou por aí. Mesmo inadimplente, Gregorio Preciado arrancou outro empréstimo de 2,8 milhões de dólares no mesmo Banco do Brasil. Reportagem de maio de 2002, da Folha de São Paulo, destacou que documentos internos do Banco tratavam aquelas negociações como heterodoxas e atípicas e, por isso, o agente financeiro começou a listar os bens do Sr. Preciado para arrestá-los. Foi assim que se descobriu a propriedade de um terreno valiosíssimo no bairro do Morumbi, onde José Serra era dono de metade e Gregório Preciado da outra parte. O terreno foi vendido rapidamente antes de o Banco do Brasil fazer o arresto e ambos foram beneficiados. 

No ano de 1996, Ricardo Sérgio (diretor do Banco do Brasil com influência na Previ) montou com Preciado o consórcio Guaraniana S/A. Segundo notícias da época, o mencionado consórcio foi composto pela Previ, Banco do Brasil e por fundos administrados pela instituição, e tem como sócia a Iberdrola, empresa gigante do setor energético. Ainda de acordo com o advogado Dr. José César Oliveira, esta deu a representação da Guaraniana a Gregório Marin Preciado. 

Com o processo de privatização ocorrido no governo Fernando Henrique, o consórcio montado pelos dois, o tesoureiro e o parente de José Serra, entre 1997 e 2000, arrematou a baiana Coelba, a pernambucana Celpe e a potiguar Cosern, e Gregório Marin Preciado, de inadimplente do Banco do Brasil, passou a ser o todo poderoso representante da Iberdrola no consórcio montado. 

O aprofundamento das relações de Paulo Souto, então governador, com Gregório Marin Preciado, parente de José Serra, cujo nome aparece amplamente nas denúncias que estão circulando, passou pela privatização da Coelba e pela doação da Ilha do Urubu. Esta, ocorrida no dia 20 de novembro de 2006, ao apagar das luzes de seu governo, isso no bojo de centenas de outros fatos irregulares, cometidos após a sua derrota nas eleições. Derrota que levou Jaques Wagner ao governo da Bahia. 

Ou seja, já há muito tempo que na Bahia as turmas de Paulo Souto e José Serra são aliadas, não só politicamente, nem só nas eleições de 2010, mas em várias operações, digamos, heterodoxas, como revelamos ao longo desse texto. Durante a campanha, se não for antes, Paulo Souto e Serra terão que explicar muitas coisas. A farra do urubu, uma delas. Aí, é só puxar o fio de Ariadne.
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